3 de julho - Dia do Combate à Discriminação Racial

Flavia Rossi Advocacia e Isadora F Gil

7/4/20243 min ler

No dia 3 de julho, celebramos o Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial, um dia importante para reafirmarmos nosso compromisso com a construção de uma sociedade mais igualitária, inclusiva e justa.

O Brasil é um país de rica diversidade étnica e cultural, e o combate à discriminação racial é uma luta diária que exige ações concretas e efetivas, especialmente no âmbito do direito.

A discriminação racial, em suas múltiplas formas, é uma violação dos direitos humanos que perpetua desigualdades e injustiças. A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, garante que "todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza".

Este princípio de igualdade deve ser efetivamente aplicado para assegurar que todas as pessoas, independentemente de sua raça ou cor, tenham seus direitos plenamente respeitados. Por isso, legislações foram criadas com o objetivo de proteger os direitos das pessoas que sofrem discriminação racial. Entre elas, destacamos:

  • Lei Caó (Lei nº 7.716/1989): Esta legislação tipifica os crimes resultantes de preconceito de raça ou cor, prevendo punições severas para aqueles que praticam atos discriminatórios. A aplicação rigorosa desta lei é essencial para garantir justiça às vítimas de racismo.

  • Lei de Cotas (Lei nº 12.711/2012): Estabelece a reserva de vagas em instituições federais de ensino superior para estudantes negros, indígenas e de baixa renda. As políticas de ação afirmativa são fundamentais para corrigir desigualdades históricas e promover a inclusão educacional e social.

  • Estatuto da Igualdade Racial (Lei nº 12.288/2010): Este estatuto visa assegurar a efetiva igualdade de oportunidades e a defesa dos direitos étnico-raciais. Ele abrange áreas como educação, trabalho, saúde e cultura, oferecendo mecanismos legais para a proteção e promoção dos direitos das pessoas negras e outras minorias raciais.

Como se vê, a discriminação racial é uma violação grave dos direitos humanos. As pessoas que sofrem discriminação racial têm seus direitos protegidos e dispõem de mecanismos para denunciar e buscar reparação por tais violações. Além das garantias trazidas pelas leis acima mencionadas, as vítimas de discriminação racial têm direito à reparação dos danos morais e materiais sofridos, que pode ser buscada por meio de ações judiciais, onde é possível requerer indenização.

Para que essas leis sejam efetivas e aplicadas, é necessário um esforço conjunto de todos. Uma sociedade engajada na luta contra a discriminação racial, denunciando práticas discriminatórias e apoiando iniciativas que promovam a igualdade racial, faz toda a diferença. Movimentos sociais, organizações não governamentais e instituições de ensino são essenciais na conscientização sobre a importância da luta contra o racismo e na promoção de uma cultura de respeito e valorização da diversidade.

Também é importante que as vítimas de discriminação racial denunciem. O fortalecimento das ouvidorias de direitos humanos, a criação de canais acessíveis de denúncia e o apoio psicológico e jurídico são medidas essenciais para assegurar que as vítimas possam buscar justiça e reparação de maneira segura e eficiente.

Se você sofrer ou presenciar qualquer ato de discriminação racial, denuncie! É possível registrar um Boletim de Ocorrência (BO) ou utilizar canais de denúncia como o Disque 100, que é um serviço de atendimento telefônico do governo federal para receber denúncias de violações de direitos humanos.

A vítima também pode buscar assistência jurídica através da Defensoria Pública, para obter orientação e assistência jurídica gratuita, ou contratar um advogado particular para mover ações judiciais cabíveis.

Para isso, é importante coletar e guardar todas as provas possíveis da discriminação sofrida, como testemunhas, fotos, vídeos, mensagens e qualquer outra evidência que possa comprovar o ato discriminatório.

Além disso, a vítima pode procurar apoio em Organizações Não Governamentais (ONGs) que atuem na defesa dos direitos e contra a discriminação racial, pois essas organizações podem oferecer suporte jurídico, psicológico e social. Também é importante buscar apoio psicológico em serviços públicos de saúde, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), para lidar com os impactos emocionais e psicológicos da discriminação racial.

Este dia nos convoca a refletir sobre os desafios e as conquistas na luta contra a discriminação racial no Brasil e a reconhecer a importância do direito como instrumento de transformação social.

Por isso, neste Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial, reiteramos a importância do compromisso coletivo na construção de um Brasil onde todos tenham suas dignidades respeitadas, independentemente de raça ou cor. A luta contra a discriminação racial é uma responsabilidade de todos nós e deve ser uma prioridade constante em nossas ações e políticas.